Trabalhando em conjunto com uma equipe internacional, um grupo de astrônomos brasileiros descobriu a existência de um anel, similar aos do gigante Saturno em um planeta-anão vizinho de Plutão. A descoberta foi publicada início do mês na revista científica Nature. O anel circunda Haumea, um dos planetas-anões próximos a Plutão, localizado no que os astrônomos chamam de Cinturão de Kuiper.

Situado após a órbita de Netuno, o cinturão é composto por objetos de gelo e rochas entre os quais se destacam quatro planetas-anões: Plutão, Eris, Makemake e Haumea. Esses objetos são difíceis de estudar porque são pequenos, brilham pouco e, devido às enormes distâncias, são difíceis de detectar mesmo com telescópios potentes.

 

Método

A descoberta resultou de um trabalho conjunto liderado pelo astrônomo espanhol Jose Luis Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, e contou com a participação de astrônomos e alunos brasileiros do Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações, do Observatório do Valongo, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Tecnológica Federal do Parana, filiados ao Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia.

O método de observação usado pelos astrônomos consiste em estudar as ocultações estelares, que é quando esses objetos passam à frente de uma estrela, como um pequeno eclipse. Com o método foi possível determinar as principais características de Haumea, como tamanho, forma e densidade, além do anel.

 

Anel

A descoberta do anel foi uma surpresa para os astrônomos. “Há apenas alguns anos, só conhecíamos a existência de aneis em torno dos planetas gigantes e há muito pouco tempo, o mesmo grupo descobriu também que dois pequenos corpos, Chariklo e Chiron, situados entre Júpiter e Netuno, pertencentes a família de objetos denominados Centauro, têm anéis densos, o que foi uma grande surpresa. Agora descobrimos que corpos mais distantes que os Centauros, maiores e com características muito diferentes, também podem ter aneis”, afirmou o astrofísico espanhol Pablo Santos-Sanz.

De acordo com os dados obtidos, o anel se encontra no plano equatorial do planeta-anão, da mesma forma que seu maior satélite Hi’iaka, e este em ressonância de 3 por 1 em relação à rotação de Haumea – o que significa que as partículas geladas que compõem o anel completam uma volta em torno do planeta enquanto este gira três vezes em torno do seu eixo.

Por causa da grande distância, Haumea leva 284 anos para dar uma volta em torno do Sol, em uma órbita elíptica. Em razão disso e de sua velocidade de rotação – Haumea dá uma volta completa em seu próprio eixo em 3,9 horas –, muito mais rápida que qualquer outro corpo do Sistema Solar com mais de cem quilômetros de diâmetro, o planeta-anão é achatado e possui um formato similar ao de uma bola de rugby.

Os dados coletados mostraram ainda que Haume mede 2.320 quilômetros no seu maior lado, quase igual ao diâmetro de Plutão, mas que, ao contrário do que ocorre com o planeta vizinho, não possui uma atmosfera global. Plutão teve sua categoria rebaixada em 2006 de planeta, para planeta anão, ao lado de Ceres, Érisa, Makemake e Haumea.

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