Na empolgação de trocar o chuveiro por um melhor, comprar um aquecedor ou instalar um ar-condicionado, muita gente esquece que cada imóvel tem um limite de carga elétrica disponível.

Quando esse limite é ultrapassado, há uma sobrecarga, que pode levar a um incêndio. Foi o que aconteceu no edifício Wilton Paes de Almeida, no largo do Paissandu, região central de São Paulo. O prédio pegou fogo no dia 1º de maio após um curto-circuito em uma tomada onde estavam ligados três aparelhos ao mesmo tempo.

 

Antigos casos

O problema é frequente: outros exemplos de incêndios de grande repercussão causados por sobrecarga elétrica são os do Edifício Joelma, em 1974, do Grande Avenida, em 1981, e, mais recentemente, do auditório do Memorial da América Latina, em 2013.

O “teto” de carga de cada imóvel é dado pela instalação elétrica da casa ou do apartamento, que varia de acordo com a bitola (tamanho) dos fios utilizada, o valor dos disjuntores e os tipos de circuito (como de lâmpadas e de tomadas), principalmente.

 

Pontos importantes

A engenheira Raquel Tomasini, da Lello Condomínios, o consultor técnico especializado em instalações elétricas Almir Zanettin e o pesquisador em energia do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) Clauber Leite falam sobre o que fazer – e o que não fazer – para ter uma casa segura.

Um dos erros mais comuns nas residências é deixar o aparelho na tomada mesmo quando a fiação está quente. Segundo os especialistas, se a fiação esquenta e a tomada fica preta ou há cheiro de queimado é sinal de que há uma sobrecarga.

A indicação nesses casos é desligar os aparelhos e chamar um técnico para avaliar se é necessário redimensionar a fiação. Outro sinal de perigo é a queda de fase da iluminação, quando a luz emitida fica mais fraca ao ligar um aparelho.

Usar extensão com vários plugues, ‘Ts’ e benjamins é um fator que pode contribuir para o incêndio, pois pode sobrecarregar a tomada. “Cada tomada tem uma capacidade máxima e pode não aguentar muitos equipamentos de alta potência, como geladeiras e micro-ondas, conectados a ela. Se a necessidade de manter os equipamentos ligados for permanente, é preciso instalar novas tomadas. Benjamins e “Ts” podem ser usados temporariamente, desde que respeitada sua capacidade, inscrita no corpo do produto”, avaliam os especialistas.

Um dos problemas que não podem ser ignorados é quando o disjuntor desarma. Segundo os especialistas, a função desse aparelho é proteger a fiação, e se ele desarma com frequência, há um problema na instalação elétrica do imóvel.

“Apenas rearmar o equipamento, ou substituí-lo por outro de maior valor sem readequar a fiação, aumenta o risco de problemas. O mesmo raciocínio vale para os fusíveis: não basta trocá-los quando queimam, é necessário checar por que estão queimando”, dizem.

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