Pelo último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem 207.660.929 habitantes. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por sua vez, destacou, em setembro, que existem 241.062.955 linhas de celulares. Ou seja, existem mais telefones móveis do que pessoas no país. Nesse cenário, são cada vez maiores os problemas de saúde causados pelos eletrônicos.

“A incidência de doenças tem aumentado de maneira espantosa, principalmente entre os jovens. Hoje, crianças de 14 anos já apresentam problemas causados pelo uso desses aparelhos”, diz Luiz Cláudio Lacerda Rodrigues, especialista em ortopedia e traumatologia pelo Hospital Santa Marcelina.

 

Uso incorreto

Para os médicos, o problema maior não é o uso do aparelho celular, tablet ou notebook, mas sim a forma desse uso.

“As dores acontecem muito em função do uso desses aparelhos. A posição sobrecarrega o pescoço, faz pressão sobre a cervical. O dedão também sofre por causa da digitação”, afirma o fisiatra Roberto Rached, do Hospital das Clínicas.

O fisiatra explica que a articulação é uma dobradiça e se a pessoa fizer muita força puxando só para frente e não para trás, terá um desequilíbrio. “Se não equilibrar essa articulação, não adianta dar analgésico, pois o problema vai persistir”, completa Roberto.

Fazendo a comparação com uma alavanca, quanto mais inclinado o pescoço no movimento da pessoa ao manusear o celular, maior será o peso que ela carregará.

“A cada 10 graus que a pessoa inclinar o pescoço para frente, aumenta 1 quilo sobre a coluna. Se dobrar a 40 graus, por exemplo, será como se ela carregasse 4 quilos na cabeça”, diz o ortopedista Luiz Cláudio.

 

Danos mentais

O cérebro também é prejudicado pela dependência tecnológica, mas os danos ainda não são claros. “Ainda não se sabe exatamente qual a relação da dependência de tecnologias com outros problemas psiquiátricos. Imagina-se que possa ser uma via de duas mãos, podendo ser causa ou consequência de outros problemas”, diz Vitor Breda, psiquiatra e membro do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas.

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