Cansaço e falta de ar são os primeiros sinais apresentados por quem tem enfisema pulmonar. Por serem sintomas geralmente confundidos com uma mera indisposição, é comum que as pessoas ignorem esse “aviso do corpo” e demorem para procurar tratamento.

É aí que mora o perigo. Segundo o pneumologista do Hospital Samaritano de São Paulo, Mauro Gomes, se esses sintomas aparecem raramente, pode não ser grave, mas se eles se repetem no dia a dia, e a pessoa se sente mais cansada que outra da mesma idade, é hora de procurar um médico.

“Enfisema pulmonar não tem cura”, afirma Gomes. E como em 90% dos casos é decorrente do tabagismo, parar de fumar é fundamental. Quanto mais cedo parar, maiores as chances de a doença deixar de progredir, ou avançar mais lentamente.

 

Tosse

O enfisema pulmonar é uma doença que provoca a destruição dos alvéolos – estruturas pulmonares -, levando à perda da capacidade de captação de oxigênio.

Mas ele não costuma aparecer sozinho. Segundo Carlos Cezar Fritscher, pneumologista e professor titular do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da PUC-RS, esse mal é parte da chamada DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que une enfisema e bronquite crônica.

“Usualmente o paciente com DPOC tem um componente de bronquite crônica, em que a tosse com produção de catarro é o sintoma que se destaca mais, e tem também um componente de enfisema, em que a falta de ar é o sinal mais evidente”, diz Fritscher.

Os pacientes podem ter graves crises de falta de ar, que podem até ser motivo de internações em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Com o avanço da doença, a pessoa vai limitando sua movimentação e tornando se incapaz, em estágio avançado, de fazer mesmo tarefas mais simples. Há quem fique totalmente dependente.

 

Tratamento

O tratamento do enfisema poderá incluir remédios como broncodilatadores e anti- inflamatórios e uso de balão de oxigênio. Por causa da fragilidade pulmonar, segundo Gomes, uma simples gripe ou uma pneumonia podem ser mais agressivas. Por isso, vacinas são recomendadas.

Outra alternativa é a fisioterapia. “Os exercícios não fazem aumentar a carga de oxigênio, mas ajudam a pessoa a conviver melhor com suas limitações”, diz Gomes.

 

Hereditária

O enfisema pulmonar também pode ser passado de pai para filho. Neste caso, porém, os sintomas costumam aparecer mais cedo, por volta dos 20 anos de idade.

É diferente de quem adquire a doença por causa do cigarro, que começa a perceber os primeiros sinais da doença após duas décadas fumando, ou seja, geralmente quando está com 40 anos de idade ou mais, como explica o pneumologista do Hospital Samaritano de São Paulo Mauro Gomes. O enfisema transmitido em família ocorre porque o paciente não produz uma enzima protetora do pulmão. O tratamento é feito com aplicações da enzima durante a vida toda. “Se ele fuma, o avanço da doença é galopante”, afirma Gomes.

A exposição à fumaça da queima de lenha é outro perigo. Mas, segundo Gomes, precisa ser uma exposição constante e por décadas. Ele não crê que um pizzaiolo, por exemplo, fique doente por causa do trabalho.

A poluição do ar, porém, pode contribuir para que o enfisema surja mais cedo em fumantes. Ela também pode fazer piorar o quadro de quem já tem a doença.

 

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