Nos últimos dias, o Youtube ganhou destaque por sua postura diante dos vídeos que falam sobre política, a ausência de anúncios de grandes marcas e por não conseguir filtrar os conteúdos infantis, permitindo que cenas de pedofilia e suicídio sejam inseridas nas publicações destinadas às crianças.

Produtores de vídeos falaram sobre a ação da plataforma nas exibições que analisam o atual cenário político e mães alertaram os pais sobre o perigo que seus filhos correm ao estarem assistindo os conteúdos – até então destinados ao mundo ‘kids’.

 

Postura política

Vários produtores utilizam o Youtube para promoverem uma reflexão sobre o atual cenário político – seja por meio de sátiras, críticas, histórias em tirinhas ou até mesmo depoimentos. Porém, a plataforma está impedindo que esse tipo de vídeo seja veiculado, retirando-os do ar ou não concedendo a monetização aos seus criadores.

“A mensagem que o Youtube traz é de não querer que os vídeos com teor político sejam publicados. Os conteúdos relevantes estão sendo retirados do ar, assim como vários canais, e a monetização está sendo cortada. Com isso acontecendo, as pessoas vão parar de falar sobre esse assunto por se sentirem coagidas. A justificativa da plataforma, na maioria dos casos, é que o conteúdo não é adequado para a maioria dos anunciantes”, denuncia o professor e produtor de vídeos, Nando Moura, em uma de suas publicações.  

 

Cerceando a liberdade

No Brasil, muitos vídeos no Youtube levam as pessoas a refletirem sobre a política e os problemas sociais. Porém, com essas proibições, muitos produtores se sentirão coagidos e deixarão de criar os conteúdos.

“O brasileiro nunca esteve tão engajado em termos políticos como hoje e os vídeos fizeram com que os jovens começassem a se interessar pelo assunto. Se o Youtube tolher a liberdade de expressão, retirando os vídeos do ar ou a monetização dos seus produtores, o indicativo é de que haverá uma migração para outras redes e aplicativos”, fala Nando.

O produtor faz um alerta sobre esse tipo de conduta da plataforma, ao mostrar que os “conteúdos idiotas” não saem do ar e continuam sendo monetizados.

“Os conteúdos sérios são desmonetizados, o que não incentiva alguns produtores a continuarem com as produções. Mas os vídeos de alguns artistas – que mostram mulheres rebolando – ganham muito e são considerado adequados para os anunciantes”, relata Moura.

 

Por que não tirar do ar?

Uma mãe americana denunciou um vídeo infantil – disponibilizado no Youtube Kids – com orientações de como uma criança deveria agir para cometer um suicídio. Isso mesmo. A princípio é um vídeo infantil, mas que no decorrer dos minutos aparece um trecho ensinando como se deve cortar os pulsos.

“Crianças, lembrem-se, cortem esse caminho para chamar atenção, e desta forma obter resultados”, ensinava um homem durante o vídeo destinado ao público infantil.

A denúncia chama atenção e mostra o quanto os responsáveis pela plataforma não realizam uma fiscalização adequada dos conteúdos veiculados – por outro lado, tiram do ar vídeos com informações relevantes e que levam à reflexão.

Outro fato que deve servir de alertar aos pais, e que mostra a postura do Youtube, são os vídeos com exploração sexual de crianças – uma reportagem denunciou esse tipo de publicação que já havia recebido mais de 1,7 milhão de visitas. Com isso, grandes marcar suspenderam a publicidade na plataforma com o receio de que possam ser associadas aos conteúdos.

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