O presidente Michel Temer (MDB) se envolveu, nos últimos dias, em mais um episódio que aumenta o desgaste político em ano eleitoral. Ter a quebra do sigilo bancário solicitado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, foi visto pela base aliada do emedebista como uma forma de tentar enfraquecer, ainda mais, o governo.

Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê a luz no fim do túnel se apagando aos poucos no que tange à candidatura e possibilidade de não ser preso. Ele foi derrotado, essa semana, ao ter negado pelo Superior Tribunal de Justiça a concessão de um habeas corpus preventivo pedido pela defesa.

Para especialistas, o desgaste de Temer e Lula já ocorre há muito tempo, mas estes novos episódios só colaboram para aumentar essa corrosão na imagem política.

 

Com o ‘filme queimado’

A pesquisa Datafolha, de janeiro de 2018, mostra que o governo Temer foi reprovado por 70% dos entrevistados. Com essa baixa popularidade somada aos desgastes que enfrenta, como a quebra de sigilo bancário – diante da investigação de um esquema de corrupção na edição do Decreto dos Portos, assinado em maio de 2017 -, a possibilidade de ser o candidato do partido vai se deteriorando.

“O fato é que Michel Temer não tem condições políticas de se consolidar como candidato presidencial. Porém, é presidente de um partido que tem um impacto político muito forte, sobretudo na construção de alianças. Para tentar contornar esse evento da quebra de sigilo, o governo está desesperadamente tentando construir uma pauta política positiva que passa sobre a segurança pública, como a intervenção no Rio de Janeiro e a construção de um novo ministério”, diz o cientista político Bruno Silva.

 

Plano B: a saída?

O Partido dos Trabalhadores continua acreditando na possibilidade de Lula não ser preso – e isso vai depender do julgamento no Supremo Tribunal Federal – e, por isso, ainda não deixou claro a possibilidade de um plano B. No entanto, especula-se que diante do tempo da Justiça, essa prisão pode ocorrer muito próxima à eleição, o que deixaria o pleito ainda mais tensionado.

“Embora estejamos na etapa de construção das candidaturas, é muito jogo de cena e muito cedo para falar sobre um desgaste a longo prazo. Mas para o PT, acredito, a melhor solução seria escolher outro candidato e fazer com que esse nome ganhe adesão popular”, comenta Bruno Silva.

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