Da redação

 

A maioria das mulheres em idade fértil e que desejam engravidar deve se atentar para algumas alterações no organismo que podem dificultar esse processo.

Entre elas está o mioma uterino – nódulos, geralmente benignos, formados por um tecido muscular e fibroso do próprio útero – que atinge cerca 10% da população feminina.

Segundo explica o médico creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Luiz Augusto Batista, dos miomas existentes, somente os miomas submucosos e os intramurais que deformam a cavidade uterina e possuem até 50mm, podem reduzir a chance de gestação. Ou seja, na grande maioria das vezes, a presença de um mioma não impede ou atrapalha a gravidez.

“Esses pequenos miomas, apesar de serem assintomáticos, ou seja, não provocarem qualquer tipo de dor na paciente, podem reduzir a chance de gestação. As mulheres que não têm sintomas geralmente não necessitam de tratamento. Já as que apresentam sintomas significativos podem tentar tratamento medicamentoso ou cirúrgico”, ressalta o médico, que também é membro da diretoria da SBRA.

De acordo com o especialista, apesar desses miomas (submucosos) comprometerem a fertilidade, felizmente a medicina dispõe de exames de imagem que auxiliam o diagnóstico. “Eles são frequentemente diagnosticados por meio dos exames de ultrassonografia transvaginal associado à histerossonografia, pela histeroscopia diagnóstica ou pela ressonância magnética”, esclarece.

Batista aponta ainda que 80% da capacidade de um casal engravidar depende da idade biológica e da reserva ovariana da mulher. De acordo com ele, além do mioma, ela pode ser acometida por doenças como adenomiose, endometriose e pólipos uterinos. “A idade da mulher é o principal fator preditivo para um casal engravidar. Este fator é biológico e o relógio biológico não para, e nada podemos fazer para voltar no tempo”, explica.

A seguir, o médico cita outras alterações que podem afetar a fertilidade da mulher.

Pólipos uterinos

São nódulos de pequenas dimensões, na grande maioria com características benignas, que se desenvolvem no endométrio (porção interna da cavidade do útero) e atingem cerca de 2 a 5% das mulheres que desejam engravidar.

Na maioria das vezes não desencadeiam nenhum sintoma. Em 80% dos casos se apresentam como únicos e nos outros 20%, como múltiplos. Quando maiores que 15 mm podem dificultar a gravidez. Seu diagnóstico pode ser realizado por ultrassonografia transvaginal, principalmente associada à histerossonografia, ou com a histeroscopia diagnóstica. Seu tratamento é eminentemente cirúrgico, realizado com histeroscopia cirúrgica.

Adenomiose uterina

Ocorre quando células do endométrio, que revestem a parede interna do útero, responsáveis pela menstruação, crescem para dentro da musculatura da parede do útero. Estudos mostram que a presença da adenomiose pode dificultar a gravidez devido às alterações provocadas pela doença na região do útero e até mesmo causar infertilidade feminina. O diagnóstico da doença é difícil, mas sabe-se que ela é mais recorrente em mulheres que são diagnosticadas com endometriose, fibromas ou dor pélvica. Os principais exames utilizados pelos médicos para identificar o problema são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética. Além disso, o tratamento pode ser realizado com medicamentos hormonais, bloqueando temporariamente a menstruação.

Endometriose pélvica

É uma doença caracterizada pela presença do endométrio fora da cavidade do útero, ou seja, nos órgãos pélvicos, como trompas, ovários (endometrioma), no compartimento posterior ao útero, intestino e bexiga (endometriose profunda). Cerca de 30 a 40% das mulheres que desejam engravidar possuem endometriose pélvica. Sua real incidência é, na realidade, subestimada. Nem sempre o diagnóstico é fácil, e requer ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética. O tratamento pode ser clínico, com medicamentos que bloqueiam a menstruação por um período. Em alguns casos, recomenda-se   cirurgia por videolaparoscopia.

Orientações

A SBRA reforça que todo tratamento deve ser individualizado e avaliado de forma personalizada pelo médico, já que nem sempre a presença desses diagnósticos, por meio de exames como a ultrassonografia transvaginal, histeroscopia ou ressonância magnética, será o principal motivo da dificuldade de engravidar.

Leia também