Organizações afirmam que desigualdade de gênero ainda é grande e que o equilíbrio pode demorar vários anos
Aline Marinho
As mulheres, desde os primórdios da civilização, sofreram com a opressão e discriminação de gênero. A sociedade, no geral, quase sempre distorceu seu papel em comunidade. Sua função era, principalmente, ser boa filha, boa esposa e uma mãe exemplar.
Centenas de anos se passaram. A luta das mulheres fez com que elas conseguissem um bom espaço em comunidade. Porém, os problemas não acabaram. Em pleno século XXI a desigualdade de gênero continua.
O Relatório Global de Equidade de Gênero, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, divulgou que, apesar do crescimento das mulheres no mercado de trabalho, a equidade de gênero na área ainda pode levar cerca de oitenta anos, ou seja, a luta continua.
Problema mundial
A OIT (Organização Mundial do Trabalho) publicou em março deste ano o relatório “Mulheres no Trabalho: Tendências de 2016”, que examinou 178 países. O documento concluiu que a desigualdade entre homens e mulheres continua em grande parte do mercado global.
“O relatório mostra os enormes desafios que as mulheres continuam a enfrentar para conseguir encontrar e manter empregos decentes”, disse o diretor geral da OIT, Guy Ryder, na publicação do relatório. O diretor também afirmou que as ações devem ser imediatas e efetivas.
A agenda 2030, produzida pela ONU (Organizações das Nações Unidas), prevê em uma das suas metas os esforços de desenvolver políticas públicas para acabar com a desigualdade de gênero. Embora o plano seja importante para o desenvolvimento da mulher no mercado de trabalho, medidas mais rápidas precisam ser tomadas para um ingresso mais igualitário.
No Brasil a situação não é diferente. Segundo o Fórum Econômico Mundial, em pesquisa de 2015, o país ocupa a 85ª posição do ranking de 145 países menos desiguais. Além disso, o Brasil ocupa a 133ª colocação em igualdade de salário.
Casos e casos
Gabriela Cecon, CEO de uma empresa de desenvolvimento de software, acredita que a luta feminina e a busca de participação de políticas públicas tendem a fazer com que a desigualdade de gênero diminua. “A mulher tem ganhado mais representatividade, e acredito em um crescimento exponencial desta luta”, afirmou Gabriela.
“A equidade de gênero tem que partir de nós mesmas. Nós temos que agir como iguais e entender que nossa capacidade pode ir além, independente de gênero”, concluiu Gabriela.
Por outro lado, algumas mulheres ainda lutam por espaço. A analista de sistema Cristiane Pereira, se sentiu injustiçada após perder uma vaga de gerente. “Eu trabalhava na empresa há anos, fui crescendo aos poucos até conquistar o papel de líder de equipe, substituindo o supervisor quando ele tirava férias. Quando ele mudou de empresa, todos tinham certeza de que eu ficaria no lugar dele, mas não foi o que aconteceu. Outro membro da equipe assumiu o cargo, um homem, que possuía a mesma qualificação que eu, fiquei arrasada”, desabafou Cristiane.
“Embora tenha vivenciado este caso, não desisti e nem desistirei dos meus objetivos. Acredito no empoderamento e no crescimento feminino, mas essa é uma luta árdua”, concluiu a analista.
Sociedade machista
Muito do que as mulheres vivem hoje é herança de uma sociedade machista. O homem, com papel de trabalhador, ainda ocupa o maior número de vagas.
Vale ressaltar que não se deve desvalorizar o esforço e a capacidade masculina em relação ao mercado de trabalho. Porém, as mulheres precisam e devem ter as mesmas oportunidades.
“O machismo é algo que pode ser combatido e esse movimento é feito através da educação, do esclarecimento. O Brasil avança a passos lentos com relação a igualdade de gênero, temos leis que combatem o preconceito, equiparam os direitos de homens e mulheres, contudo na prática, não é isso que ocorre”, afirmou a psicóloga Rosangela Corrêa.
A educação e a conscientização é um dos meios mais eficazes para diminuir a desigualdade de gênero. As pessoas precisam ter consciência que todos os seres humanos são diferentes, mas não são desiguais.