Formada em moda, Patrícia Martini, 46 anos, já teve loja de revenda de roupas e até uma confecção voltada para atender a outras marcas, mas, desde 2011, decidiu ir para outro segmento: desenvolveu uma produção própria e mais artesanal.

O negócio surgiu por uma junção de acontecimentos, especialmente pela vontade de ter um contato maior com o público e a necessidade de fazer as próprias criações. No começo, o seu ateliê era focado em consertos de roupas, o que ainda ocupa parte importante do trabalho. Agora, ela já cria peças e participa de feiras no bairro para vendê-las.

 

Atendimento e personalização

Patrícia conta com duas costureiras que a ajudam, mas todo o processo de modelagem e desenho das roupas é feito por ela, que também atende ao público. É esse contato como consumidor que, na visão dela, é o grande diferencial e a vantagem de ter uma marca pequena.

“Fico amiga das minhas clientes, tenho uma relação próximas com elas e acho que isso é o mais legal. Não é uma roupa sob medida, mas conseguimos atender a vontade da cliente, fazer algo muito mais personalizado”, comenta Patrícia.

Com isso em mente, outras estilistas e costureiras estão apostando neste mercado e conquistando o público. É o caso de Mônica Valentim, 24 anos, que tem como ponto forte os vestidos. Toda a produção é feita pela própria Mônica. Para ela, o trabalho artesanal é uma forma de propor um consumo mais consciente.

“Chega a ser revolucionário nos dias de hoje, em que o mercado da moda das grandes empresas é marcado pela exploração de funcionários e outras irregularidades, poder propor algo diferente, um outro mundo com as próprias mãos”, relata.

 

Relacionamento e preço

Um dos desafios desse setor é o preço, que, pelo próprio meio de produção, não consegue ser ão barato quanto as roupas encontradas em regiões populares, como o Brás, no centro de São Paulo.

Dentre as marcas pesquisadas pela reportagem, as peças custam de R$ 25 a R$ 170. Segundo Ariadne Mecate, consultora de marketing do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), as artesãs devem ter consciência disso e procurar estratégias para alcançar esse consumidor que está em busca de peças diferenciadas.

“Um erro é participar de todas as feirinhas de artesanato. Não! Elas devem identificar quais são as feiras que o seu público mais fiel frequenta e ir apenas a essas”, orienta Ariadne.

A estilista e costureira Alexandra Martins De Maio, 41 anos, já encontrou o seu segmento: roupas retrô, estilo anos 1950. “O legal é essa inversão. Não é a mulher que tem que se ajustar à roupa. É a roupa que vai se adequar à ela”, comenta.

Para Maria Aparecida da Silva Garcia, 33 anos, o grande desafio é dar conta sozinha de todas as etapas do processo, o que envolve criação, produção, planejamento de marketing e as vendas.

“Mas é muito bom conhecer quem está comprando a minha peça”, diz.

 

Para facilitar a venda (intertítulo)

A internet é uma das principais ferramentas utilizadas hoje pelas artesãs, estilistas e costureiras para vender e conquistar novos consumidores. Mas a consultora Ariadne Mecate, orienta que é preciso analisar de que forma expor e comercializar os produtos na rede, a fim de obter melhores resultados.

“De fato, com a internet, qualquer pessoa pode encontrar a peça que você está oferecendo. Mas vender não é tão simples quanto parece. Há várias plataformas e é preciso identificar qual é a que melhor atende à sua marca”, pontua.

Como exemplo, Ariadne cita que, para quem está no início, pode ser muito mais interessante comercializar o produto em um site que já reúna outros artesãos do que criar a própria loja virtual, o que vai exigir um investimento maior.

“Nesses canais maiores já existe um tráfego grande de consumidores, o que pode impulsionar as vendas”, indica. Também é necessário elaborar uma estratégia de marketing e marcar presença nas redes socais.

Anelie Schinaider e suas três sócias resolveram deixar de vender pela internet, porque acharam que esse tipo de comércio estava descaracterizando um dos pontos mais importantes do trabalho delas: o contato com o cliente.

“A nossa proposta é essa troca. Não queremos ser só mais uma marca produzindo e vendendo”, explica. Agora, elas estudam formas de driblar isso. “O Instagram [rede social de fotos] pode ser uma saída, porque permite essa proximidade”, diz Anelie.

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