Existe uma avaliação do ensino que é aplicada em 70 países, no mundo todo. A prova, chamada de Pisa, avalia os alunos de 15 e 16 anos, em Matemática, Leitura e Ciências.

A última edição aconteceu em 2015 e o Brasil ficou em 63º em Matemática, 58º em Leitura e 65º em Ciências. A prova é aplicada de três em três anos.

Não bastasse esses números da colocação do país, ainda existe um outro dado que chama a atenção: 61% dos estudantes que fazem a prova, simplesmente não a terminam.

Ou seja, além de ir mal na prova, o estudante adolescente não se interessa em atestar aquilo que sabe. Não existe o comprometimento em tentar melhorar seu desempenho, mesmo diante das dificuldades.

A última versão do exame foi realizada em computadores. Com isso, os membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), puderam observar o tempo que os estudantes usaram para completar cada questão.

O brasileiro fica muito tempo nas primeiras perguntas, e depois, vai simplesmente largando de mão do resto da prova. São 61% que desistem. Na Colômbia, um dos países que têm índices parecidos com os nossos, a desistência fica em 18%.

Em países com desempenhos piores que o brasileiro, em território oriental, os estudantes fazem a prova, do começo ao fim – apesar da dificuldade.

Não é apenas o “não saber”. É o “não se importar por não saber”.

Essa mentalidade é muito comum entre os adolescentes. E conforme os anos passam em suas vidas, essa mentalidade se transforma em algo bem complicado: a falta de comprometimento.

Começa com uma prova. Alguma avaliação de desempenho, um teste vocacional. Vai seguindo pelos primeiros “fracassos” e empecilhos. A expressão “tanto faz”, a gente usa aqui para não usar o palavrão mais comum.

Começa a vida profissional, e ninguém quer dar o melhor – apenas aquilo que é necessário. Nenhuma linha a mais de esforço, de garra, de insistência. Só o que é “pedido”.

Quem faz, e tenta se superar, e enxerga as necessidades da empresa ou dos colegas, é tido como “puxa saco” ou como “nerd”.

Se alguma coisa dá errado, mais uma vez “tanto faz”. A culpa é sempre do outro, nenhum autoexame é sequer imaginado.

E assim os comportamentos se amplificam. Da escola para a carreira, da carreira para a vida.

Quem hoje em dia não conversa com os amigos apenas pelo aplicativo? Não precisa de mais. E se o amigo está com problema, é só ignorar. Tanto faz. Ninguém morre por isso, não é mesmo?

E é dessa forma que o brasileiro, sem colocar a culpa em nenhum político ou entidade social, vai transformando a sua vida num poço de superficialidades. E quer saber? Tanto faz.

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