Toda vez que os dados sobre o alcoolismo são divulgados, eles são cada vez mais perturbadores.

Não apenas por conta dos números e pelo fato de que a doença causa tantas e tantas mortes.

Mas pelas características insidiosas do problema. Tudo aquilo que vem a reboque, todas as coisas que trazem a latinha de cerveja no colo.

Geralmente, os jovens que bebem – aqueles bem jovens, adolescentes mesmo – começam seu contato com o álcool pela diversão. Para se auto afirmar, em ritos de passagem com os amigos em festas.

Conforme passam os anos, a bebida vai se fazendo necessária para “dar coragem” em situações de interação social com o sexo oposto ou até mesmo para se mostrar menos tímido diante dos amigos.

Ao longo das décadas, as latas de cerveja se tornam refúgio ao fim do expediente. Seja no fim do dia, seja no fim de semana. Elas são a fuga para tudo que deu errado. Trazem a euforia, a sensação de leveza de uma vida praticamente insuportável.

Milhares de pessoas vivem as vidas assim. E desta forma o álcool é mais que tolerado – é bem visto pela sociedade. Ele é almejado pelos adultos como uma válvula de escape para o cotidiano miserável e difícil. Para uma realidade repleta de tristezas, onde a fuga é um dos caminhos. Talvez o melhor deles.

Como que se combate o alcoolismo quando toda uma sociedade parece ser apaixonada pela droga em questão?

Apenas os alcóolatras crônicos e seus familiares têm verdadeiro asco e aversão às bebidas. O restante das pessoas tolera completamente esse tipo de “droga” – assim como o cigarro de nicotina. É algo enraizado nos costumes.

Lutar contra a ingestão de bebidas alcoólicas pelos jovens é fundamental. É como reduzir o número de fumantes. São bandeiras igualmente importantes.

Se os adultos beberem, são adultos bebendo. Mas adolescentes e jovens não deveriam beber. Isso não deveria ser estimulado.

Crianças não deveriam ser expostas ao álcool como se fosse algo bonito ou correto a se fazer.

No Brasil, essa tolerância é tão absurda, que o consumo acontece dentro das universidades. Um levantamento feito em 2012, apontou que 76% dos estudantes consome álcool.

Pensar que este entorpecimento pode acontecer ao lado da sala de aula. E esse jovem se desloca para sua casa depois ou vai beber mais?

O que acontece com essa juventude? Se torna esse adulto que espera pelo fim do expediente para abrir a cerveja. Que conta as horas. É uma sociedade que pensa viver.

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