O fim da greve dos caminhoneiros trouxe uma grande ressaca ao governo de Michel Temer. Mesmo com as promessas feitas, boa parte dos acordos firmados na mesa de negociação não serão respeitados.

Além disso, o governo mostra sinais atrás de sinais a respeito de sua inabilidade e fraqueza ao lidar com os problemas mais urgentes.

Com toda essa crise, a Petrobras vem sofrendo duros golpes. Seu valor de mercado despencou e todo o trabalho feito nos últimos dois anos – na tentativa de recuperar a estatal dos rombos e saques sofridos diante da corrupção – foram literalmente derretidos na Bolsa de Valores.

O leitor pode pensar: não tenho nada a ver com a Petrobras, que se lasque. Só que não. A empresa é como se fosse um indicador. A ingerência na Petrobras é o retrato da ingerência em todo o país.

Na última quinta-feira, o dólar quase chegou a R$ 4. A negociação dos papéis do Tesouro Direto foi suspensa. Um claro indício do quanto o mercado financeiro está instável com um governo instável.

A incerteza diante de uma possível nova greve dos caminhoneiros – dessa vez por conta do valor do frete – fez com que todo o governo ficasse de cabelos em pé.

O fato é: concedeu-se muito, sem antes pensar nas consequências. A redução do diesel não pode ser garantida pelo governo – a cadeia de distribuição é grande e o preço no posto de combustível é livre. Não existe tabelamento.

Aí gera-se a insatisfação. E na sequência, a nova revolta. E na sequência, o quê mais?

Enquanto isso, muitos cidadãos reclamam do preço do tomate e da batata. Mas a cerveja segue em promoção.

Semana que vem, tem Copa do Mundo. Será que os caminhoneiros vão esquecer dos problemas para curtir o mundial? Será que os bandidos vão parar de cometer roubos nas ruas porque é tempo de acompanhar a seleção?

Ou será que pela primeira vez em muito tempo, o brasileiro está mais indiferente ao “espetáculo” do que era o comum?

Claro que no decorrer dos jogos vai ter gente trabalhando menos. Claro que a tradição vai reunir a família na frente da TV. Mas a discussão dos intervalos será bem diferente.

Enquanto até os pré-candidatos dão uma desacelerada em suas agendas, a questão da política é latente. Cada vez mais.

O brasileiro não se identifica com o político. O político, no fundo bem lá no fundo, despreza até o último grau o brasileiro. E esse é o cenário para a campanha que vai começar em agosto.

Tudo temperado com bastante intolerância e muita crise. Aguenta coração.

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