Conforme o mês de dezembro passa e a posse de Jair Bolsonaro se aproxima, vai ficando cada vez mais nítida a certeza de que o capitão e ex-paraquedista não tem outro caminho a não ser o de tirar o país do caos em que está mergulhado.

É mais desesperadora a esperança que os brasileiros depositam em Bolsonaro, em comparação com Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2002. Naquela época não existia uma crise tão grave – apenas um desejo por melhorias e mudanças.

Agora, não existe segurança pública. A corrupção estendeu seus tentáculos, espraiou-se pelas instituições e até mesmo na sociedade. A sensação de falta e escassez é muito maior. A sensação de caos é muito maior.

Bolsonaro não pode errar. Não tem esse direito.

Quando foi eleito, um de seus pilares de campanha era o combate à corrupção. Ele dizia que não haveria em seu governo sequer alguém que fosse investigado por práticas ilícitas.

Aconteceu com um de seus “valetes políticos” mais importantes, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). No começo desta semana, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin atendeu o pedido da PGR (Procuradoria Geral da República) e determinou a abertura de uma petição autônoma para analisar as acusações de caixa 2 feitas contra o futuro ministro da Casa Civil do governo.

A petição autônoma é uma fase anterior à instauração do inquérito, quando o parlamentar passa a ser formalmente investigado.

Acontece que Onyx já admitiu a prática. E desde então vem perdendo espaço no governo que nem começou ainda. Virou “vítima do fogo amigo” entre os colegas de equipe.

Porque é incômodo ter uma pessoa com essa “mancha” no currículo dentro do governo.

E o problema maior é que Jair Bolsonaro precisa de um interlocutor político com desenvoltura política.

A tolerância com práticas ilícitas mudou drasticamente nos últimos anos entre a população. A cobrança de posturas ilibadas dos políticos nunca esteve tão acirrada.

Agora, o brasileiro precisa prestar atenção ao seu quintal. Aos seus atos. Aos atos que permite no seu cotidiano. As pequenas permissões.

O gato da TV a cabo, a fila furada, o cortar o congestionamento pelo acostamento. Essas coisas que dão vergonha em quem assiste. Tanto quanto quem assiste um político fazendo caixa 2.

As condutas do cidadão precisam ser revistas tanto quanto as condutas do político. O que adianta cobrar o engravatado de Brasília e maltratar um cachorro na rua?

Ou pior ainda: não olhar nos olhos de quem cruza teu caminho durante o dia – seja fazendo o que for, qualquer atividade. Só vamos poder cobrar de verdade, quando a sociedade começar a mudar.

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