O brasileiro tem esse costume: deixar tudo para última hora. Comportamento clássico – difundido em todas as classes, faixas etárias, orientações políticas e afins.

Mais uma vez, a mania de procrastinar chegou à Saúde Pública. Foi a mesma história com a gripe, com a dengue – agora a novela se repete com a febre amarela.

Em julho do ano passado, quando o Ministério da Saúde declarou que o surto do primeiro semestre estava encerrado, as autoridades relaxam tranquilas e a vacinação foi posta de lado – sempre com médicos e enfermeiros alegando que a imunização não era necessária (salvo os casos de viagem).

Com a volta do verão, pronto. A transmissão voltou a acontecer, novos casos da doença apareceram e o pânico se instalou na população.

As imagens das filas intermináveis, da revolta das pessoas, do medo da contaminação tomaram conta das conversas em todos os lugares. Todo mundo apavorado, querendo saber onde tem vacina disponível.

Enquanto esse é o cenário, a bagunça cresce, paralela à revolta.

Por mais que as equipes de comunicação esforcem-se para esclarecer todas as dúvidas da população, a grande maioria culpa “o prefeito”.

O clima de animosidade não é bom para ninguém. Quando os homens “pensam com o fígado”, geralmente perdem seu senso de razão. Porque a conta é simples: quanto mais revoltada a população, mais cresce o pânico e consequentemente, mais cresce a crise política que só vem tomando corpo.

Nessas horas, o papel da imprensa é retomar a tranquilidade dentro do possível. Informar o povo e elucidar os possíveis boatos. Fazer a ponte entre o problema e a solução.

O caso é sério? Sim. A vacina é extremamente fundamental agora, para todas as pessoas? Não.

Veja: extremamente fundamental. Com o tempo, quem quiser a imunização, vai conseguir. As filas e o pânico poderiam ser evitadas. Não há transmissão da doença dentro das cidades. Ainda não há. Sendo assim, se as pessoas que moram perto da área silvestre se vacinarem, logo em seguida os outros cidadãos podem ser imunizados. Sem desespero.

Recentemente a população experimentou esse caos com relação à gripe suína.   

As teorias “da conspiração” pipocam por todo lado. E as desinformações acabam por reger o pânico.

No caso da febre amarela, há quem diga que a vacina é desnecessária. Que o excesso de imunizações acaba por aumentar a incidência de câncer nas pessoas. Que é só cuidar do sistema imunológico que a febre amarela não se instala em sua pior versão.

A grande verdade aqui é simples: toma a vacina quem quer – à medida que ela for voltando aos postos de saúde. Quem não quer, fica sem tomar. Não tem polêmica. Nem muito menos “regra” – enquanto o surto não virar epidemia.

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