Semana passada, neste mesmo espaço, falamos sobre o estudo feito pelo Banco Mundial, a respeito da desigualdade nos gastos públicos aqui no Brasil.

Acontece que nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou um estudo sobre as classes sociais brasileiras. E o resultado é aquilo que você já sabe: a desigualdade entre uma imensa maioria e uma elite bem seleta só cresce.

Em torno de 50% dos trabalhadores mais pobres recebe menos que o salário mínimo. Enquanto isso, menos de 1% recebe mais de R$ 25 mil mensais (pouco mais de 800 mil pessoas no país).

Você já pensou o que seria um salário de R$ 25 mil por mês?! Passa pela sua cabeça que a pessoa com esse ganho ainda se preocupa com a escola dos filhos ou o próprio futuro?

É mais fácil entender – mesmo não achando justo – como uma pessoa se ajusta para receber um pouco mais de R$ 700 (menos que o salário mínimo de R$ 880)?

De uma ponta a outra, a resposta é não.

Como pode, uma pessoa que ganha mais de R$ 25 mil não conseguir pagar escola boa para os filhos ou se preocupar em como vai ser a velhice? E como pode, ainda, ter gente que considera pouco um salário parecido com esse?

Como pode alguém sobreviver com R$ 73 por mês? Isso. Você não leu errado. R$ 73. Entre os mais pobres, 5% deles vive com isso.

Provavelmente, sua compra semanal do mercado fique em torno disso. Ou passe um pouco (ou muito).

Então você faz um exercício mental para tentar enxergar como seria a vida. Sem dúvida, mesmo que você recebesse uma cesta básica por mês, do governo ou da igreja, você e seus familiares sentiriam fome. Fome. Precisar comer, se sentir fraco, e simplesmente não TER COMO comer.

São dois países completamente diferentes, não é mesmo? Dois mundos absurdamente distantes um do outro.

E geralmente, quem ganha o muito (e ainda acha pouco) não quer saber de abrir mão de nada.

E levando em consideração que essa pessoa se esforçou de maneira correta para conseguir esse salário é muito justo que ela tenha essa remuneração.

Só não podemos esquecer que muitos desses 800 mil privilegiados vivem com dinheiro arrecadado dos bolsos de todos os outros cidadãos desse país. E essa é a parte que indigna.

Não é certo que a base dessa pirâmide seja tão grande e o topo seja tão exclusivo. Mas enquanto houver interesse em manter os brasileiros sob o cabresto – e eles não entenderem que precisam se defender com conhecimento de seus direitos e de seus papéis nessa sociedade – infelizmente, esse abismo de desigualdade vai permanecer sem fim.

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