Há alguns anos, as escolas brasileiras ensinavam aos seus alunos que o Brasil é “o país do futuro”.
Os pequenos eram treinados desde bem cedo na coordenação motora fina, com muitos exercícios de repetição, em cadernos e muitas e muitas folhas de lições intermináveis.
A alfabetização era feita em letra cursiva. Cobrada praticamente à perfeição, com muitos e muitos cadernos de caligrafia.
As operações da Matemática (soma, subtração, multiplicação e divisão) eram ensinadas em contas. Contas e muito trabalho de pais e professores – até que conceitos abstratos pudessem ser absorvidos (muitas vezes aos trancos e barrancos).
Mas conforme os anos passavam, as crianças iam aprendendo Física, Química, Geografia, História. E embora algumas matérias exigissem grande raciocínio, outras acabavam provocando calorosos debates e conversas entre alunos e professores sobre as desigualdades e os problemas do mundo.
E é preciso ressaltar aqui: a autoridade do professor. Ele era o juiz. E respeitado como tal.
Então chegamos aos dias de hoje.
Crianças aprendem a escrever em “letra bastão”. A Matemática não faz mais sentido, porque seus conceitos são baseados agora em “Lógica”. E a impressão que fica para quem vê de fora é que o ambiente escolar virou uma bagunça.
Professores não são mais respeitados. Sua autoridade evaporou. Chegam a apanhar, em casos extremos.
E neste cenário, começou a fervilhar a discussão da Escola sem Partido. Como se isso fosse a resolução mágica para todos os problemas do ensino brasileiro.
Que tipo de “especialista” ou político acredita que a redação de uma Lei vai modificar a forma como um professor pensa e dá sua aula? Será colocado um sensor em cada sala de aula? Elas serão filmadas e controladas? Isso é absurdo.
Enquanto os professores ficam discutindo seu direito de ter orientação partidária, o aspecto mais prático de toda essa questão está sendo ignorado.
Trata-se de uma cortina de fumaça inútil. Inútil. Porque a orientação ideológica de professor não define orientação partidária dos alunos. Simples assim.
O que devia ser discutido era: “Ensino Recuperado” ou “Respeito Retomado”… o buraco é muito mais embaixo.
Todos os anos, milhares de alunos formados no ensino médio estão saindo das escolas sem saber interpretar um texto. Sem conseguir escrever corretamente. Sem saber fazer uma conta de cabeça. É essa a questão que precisa ser discutida. Não a orientação partidária do professor.

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