A celebração do Dia Mundial dos Avós, em 26 de julho, traz a tona uma questão muito presente no dia a dia das famílias: a vivência da terceira idade. Antigamente, era muito comum ver os idosos – após a aposentadoria – curtir o descanso em casa, com o avô de pijama no sofá e a vovó na cozinha preparando deliciosas comidas e sobremesas.

Mas nos dias atuais, a realidade é outra: eles estão mais ativos e vivendo esse momento usufruindo da maturidade e sabedoria que conquistaram durante toda vida.

 

Colhendo os frutos

A mudança no perfil sócio-econômico, o avanço da ciência e medicina, e a consciência de que a terceira idade é apenas uma fase que merece ser aproveitada da melhor maneira são alguns dos fatores que contribuíram para que os idosos deixassem a ociosidade e se comprometessem a viver o dia a dia com mais prazer e sabedoria.

“Essa fase da vida, chamada maturidade, é um período de colheita de que tudo que foi plantado. Até mesmo aquelas pessoas, que foram desafiadas por situações cotidianas potencialmente áridas, construíram um leque de sabedoria que precisa ser utilizado nesse momento, ao administrar a terceira idade de maneira inteligente, atendendo ao seu propósito de vida”, diz Fernando Bignardi, do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp.

 

Ativos e sonhadores

A sabedoria adquirida com o passar dos anos possibilita viver a terceira idade de maneira mais ativa. A realização de um sonho, a transformação de um hobby em uma renda para complementar a aposentadoria e a busca pelo prazer de viver essa etapa com qualidade de vida permeiam a vida da maioria dos idosos.

“Os idosos estão chegando com uma maior vitalidade na terceira idade, vivendo mais socialmente e alguns até trabalhando, seja para complementar a renda ou para não ficar parado no tempo – hoje, muitas empresas estão valorizando o senior. A terceira idade é uma etapa aonde ocorrem mudanças físicas, mas que com qualidade de vida é possível viver de forma prazerosa, tendo o controle sobre suas ações e decisões”, explica o psicogeriatra Vinícius Faria.

A psicóloga gerontróloga, Simone Burmeister, comenta que muitos idosos vêem na terceira idade a possibilidade de realizar sonhos, que ficaram estagnados durante a fase em que se precisava trabalhar para ter o ganho financeiro.

“A maioria das pessoas que entra na terceira idade, muitas já aposentadas, tenta resgatar os sonhos, seja para realizar uma viagem, cursar uma faculdade ou iniciar uma atividade que traga o prazer profissional que não conseguiu durante todo o tempo em que estava plantando”, diz. Mas ela faz um alerta: “tudo isso é válido, desde que a pessoa viva essa fase com prazer e sem cobranças”.

 

O tempo ruge…

Tentar recuperar o tempo perdido é uma prática comum na terceira idade, porém é preciso ter a ciência de que não é possível errar tanto diante das escolhas a serem feitas.

“Muitos idosos precisam reencontrar o propósito da vida para vivenciar a terceira idade. Algumas práticas podem ajudá-los, como a meditação, a recuperar a memória cognitiva, voltar a ter a vitalidade e se aprofundar no contato do sentido da vida. Porque se a pessoa perde esse contato, perde a possibilidade de realizações e não se aproxima da felicidade”, explica Fernando Bignardi.

Para os idosos que ainda não encontraram a felicidade nessa fase da vida, a indicação dos profissionais é procurar práticas complementares, gratuitas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que possam promover essa vivência da maturidade com sabedoria e prazer.

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