Tayonara Géa

O álcool está chegando cada vez mais cedo aos adolescentes e jovens adultos, e vitimando cerca de 3 milhões de pessoas, por ano, no mundo. A facilidade de compra e a permissividade para usar essa ‘droga’ são apontadas como alguns dos motivos que levam ao consumo indiscriminado da bebida.

Uma das formas encontradas para incentivar esse consumo é a promoção das festas ‘open bar’, onde a pessoa paga uma taxa única e pode beber o quanto conseguir. Essa oferta de bebidas alcoólicas é muito comum nas baladas, mas ganhou espaço dentro das instituições de ensino, principalmente nas universidades.

Consumo precoce

Estudos revelam que os jovens estão ingerindo bebidas alcoólicas cada vez mais cedo, o que aumenta a possibilidade de dependência, tendo em vista que o cérebro se desenvolve até os 21 anos.

Para o psicólogo clínico, Esperdião Ferreira, o uso cada vez mais cedo dessa ‘droga’ ocorre devido ao ambiente familiar – com a cultura de comemorar com álcool as festas e eventos.

“A cada 3 usuários de álcool, 1 começa a beber em casa. Pais facilitadores e usuários de bebidas alcoólicas encontram dificuldades para regrar o beber social, que se transforma em compulsão e dependência” fala Esperdião.

O psicólogo menciona que “o costume de consumir bebidas alcoólicas pode, com certeza, levar ao desenvolvimento da doença do alcoolismo”.

O tal ‘open bar’

O beber muito e pagar pouco esconde um grande perigo: a intoxicação extrema, segundo a pesquisadora do Centro de Pesquisa e Inovação em Prevenção de Transtornos Mentais e Uso de Álcool e outras Drogas da Unifesp, Zila Sanchez.

“O modelo open bar favorece o extremo da intoxicação. Chega a um ponto que a própria pessoa perde a autonomia de tomar a decisão de que é preciso parar. No open bar, além da pessoa ter mais chances de sair intoxicado pelo álcool, tem 12 vezes mais chances de conseguir droga ilícita. O ambiente, como um todo, é de risco”, explica Sanchez.

Ela comenta sobre um estudo feito em São Paulo, onde mulheres que estavam mais intoxicadas com álcool após uma balada, tinham cinco vezes mais chances de sair da festa e beber ainda mais.

“Ou seja, quanto mais alcoolizadas e intoxicadas elas estavam, mais as chances de continuar bebendo. Dizemos que álcool puxa mais álcool”, relata a especialista.

Nas universidades

O II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, de 2012, mostrou que 76% dos jovens universitários – entre 18 e 24 anos -, consomem álcool. Na maioria das vezes, o uso dessa substância ocorre dentro das universidades e nos arredores – estabelecimentos que fornecem as bebidas.

Para Esperdião Ferreira, o consumo de álcool pelos universitários é facilitado por vários fatores, como a falta de fiscalização dentro das instituições, ignorância das conseqüências, influência dos amigos, busca pelo prazer e a curiosidade.

“A psicoeducação, prevenção e fiscalização são obrigações das universidades, pois a permissividade se torna a grande facilitadora para o desenvolvimento da doença do alcoolismo”, relata Esperdião.

Zila Sanchez comenta que os universitários que consomem bebidas alcoólicas dentro ou nos arredores, já entram em sala de aula intoxicados e não conseguem desenvolver a concentração nos estudos, além de comprometer as relações sociais.

Para a pesquisadora é preciso leis que proíbam o open bar e campanha de conscientização nas universidades. “É preciso ter a informação chegando aos universitários para trabalhar o alerta. Uma das formas seria a própria instituição ter um dia de conscientização sobre o álcool”, diz.

 

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