Faltam menos de dois meses para as eleições e muitos eleitores ainda se mostram indecisos quanto aos candidatos que disputam um cargo a presidente da República, governador, deputado ou senador. Não saber a quem direcionar o voto é comum nessa fase aonde os políticos começam a apresentar os planos de governo. Mas o que chama atenção nas pesquisas é a quantidade de eleitores que afirmam votar nulo/branco.

Recente pesquisa Datafolha mostrou que 37% dos eleitores não escolheram os seus candidatos. Para especialistas, essa indecisão do eleitor está baseada em vários fatores que envolvem o cenário político. Mas eles alertam o cidadão brasileiro, mostrando que o voto é um instrumento importante de transformação social.

 

Eleitor desacreditado?

Na pesquisa para governador de São Paulo, o ex-prefeito João Doria (PSDB) lidera a corrida com 25% das intenções de voto, seguido por Paulo Skaf (MDB) com 20% – o atual governador Márcio França (PSB) e Luiz Marinho (PT) estão empatados com 4%.

O destaque desse levantamento está entre aqueles que pretendem votar em nulo/branco, 26% – índice que ultrapassa o registrado pelo primeiro colocado – e 11% de indecisos.

Para o cientista político, Bruno Souza, esse percentual de eleitores não é das mais assustadoras, porque há um gradativo aumento nas últimas eleições sobre essa preferência.

“É evidente que a desconfiança do eleitor em relação à capacidade dos políticos em resolver os problemas nacionais e a aparente sensação de ‘falta de representatividade’ de partidos e candidatos contribuem para aumentar a quantidade de brancos ou nulos nas eleições”, comenta.

 

Cautela nas decisões

A dúvida entre escolher um candidato ou anular o voto, para Bruno Souza, é vista de forma natural.

“Eles permanecerão assim para alguns cargos praticamente até o próximo dia da votação ou até mesmo no próprio dia. A propaganda eleitoral no rádio e na tv oferta visibilidade contínua para os candidatos e, associado à cobertura da mídia, fazem com que o interesse nas eleições e a identificação com os candidatos se dê progressivamente, o que nos leva a identificar uma diminuição nos indecisos”, diz.

Para Leandro Consentino, “quanto mais as pessoas conhecem a campanha eleitoral, o índice de abstenções tende a diminuir”.

 

Votar é necessário

Por mais que o eleitor esteja desacreditado com a política – que deixou a editoria de ‘poder’ para configurar nas páginas ‘policiais’ – o eleitor precisa ter a consciência que ao deixar de votar, estaria ‘transferindo’ o seu direito de decidir para outras pessoas.

“O voto é a melhor e a única forma de mudar, mas precisa ser um voto consciente – com pesquisa prévia sobre os candidatos. As pessoas deveriam pensar e refletir muito bem antes de tomar essa atitude tão drástica que é anular o voto. É preciso pesquisar e se informar melhor sobre as candidaturas, os prós e contras.”, explica Consentino.

Bruno Souza enfatiza a máxima que “um homem, um voto” é o que garante a equidade do processo democrático. “Agora, cabe ao eleitor considerar que o voto é uma primeira etapa da participação política que inaugura novo período, o qual se encerrará apenas em 2022, no caso das eleições nacionais. Por isso, cabe ao eleitor se mobilizar continuamente no sentido de efetivar a participação política para além do voto”.

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