É ano eleitoral e a velha prática da compra de votos ainda continua a ser adotada pelos postulantes aos cargos públicos. É neste período de campanha que muitos candidatos oferecem algum tipo de benefício aos eleitores, que vão desde uma cesta básica até a promessa de emprego.

Esse tipo de ato ilícito – tanto para quem vende quanto quem compra – é conhecido de todo o eleitorado e considerado uma das práticas mais danosas à democracia brasileira. O cidadão que negocia os votos em troca de favores está contribuindo para a eleição de candidatos que não se mostram compromissados com a causa política.

 

Democracia ferida

O eleitor, independente da sua condição social, não deve ser comprado por nenhum candidato, principalmente em vésperas de eleição. Ao decidir o voto por fatores alheios aos políticos, o cidadão deixa de favorecer a democracia.

Para a professora e cientista político, Maria do Socorro Braga, o maior problema dessa compra de votos não está apenas no eleitorado que aceita as condições, mas nos candidatos que lançam mão dessas ações ilícitas que são contra a legislação, de acordo com o Código Eleitoral.

“Com essa prática ilegal, o eleitorado não está votando por um ideal. Se a maioria dos candidatos continua a fazer esse tipo de prática, o país não tem uma democracia representativa”, explica.

 

Seu voto é livre

O eleitor precisa ter em mente que o postulante a um cargo público não deve ser de ‘estimação’. Ou seja, se o cidadão deixou de acreditar em determinado candidato, ele tem o livre arbítrio de votar em outro – tenha recebido ou não benesses anteriores, como é o caso dos comissionados.

“Existe, de fato, a prática de que o funcionário comissionado vote em determinados candidatos. Porém, a eleição é livre e o voto é secreto. Votar de acordo com a orientação do partido deve ter relação apenas com a preferência do eleitor”, explana o cientista político Rodrigo Gallo.

 

É corrupção sim!

Um candidato deve assumir o cargo no poder pelas suas propostas e experiências, e não por conseguir votos em troca de benesses. Esse tipo de conduta ilícita, tanto por parte dos postulantes quanto do eleitor, revela o peso da corrupção nas relações – não apenas políticas -, segundo o cientista político Rodrigo Gallo.

“Se há pessoas que consideram que a corrupção existe, faz parte do jogo e que até certo nível é tolerável, significa que o abismo é maior do que parece. Porque comprar ou vender voto em eleição é sim corrupção, pois indica algum tipo de negócio que resulta em benefício ilícito para ambos os lados”, comenta Gallo.

 

Ética e moral

Você, caro eleitor, confiaria naquele candidato que foi eleito agindo de forma antiética durante a campanha? Já parou para analisar que com a mesma facilidade que ele comete atos ilícitos durante a campanha pode fazer quando estiver no poder?

Segundo Maria do Socorro Braga, “o político eleito após a compra de votos não vai legislar ou governar com ética e moral, pois continuará com as práticas ilegais associadas a outras tão comuns no poder, inclusive utilizando o dinheiro público”.

 

Denuncie

O cidadão que é assediado por um candidato, para vender o voto, pode denunciar a prática ilegal.

O MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) orienta que o eleitor informe o fato ao Ministério Público Eleitoral, à polícia ou até mesmo ao juiz eleitoral, que encaminhará o caso ao destino mais adequado.

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