A substância é nociva a qualquer pessoa, mas esse grupo precisa ter cautela especial no consumo

Tayonara Géa
Foto: Renan Monteiro
Foto: Renan Monteiro

Reunião com os amigos, festa de família e um breve happy hour são ocasiões que levam ao bem estar, não é mesmo? Mas junto com esse prazer está um sério problema que se agrava com o passar dos tempos, principalmente para os jovens e mulheres: o consumo de álcool.

De acordo com os dados do PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 37,8% dos adolescentes de 16 a 17 anos, de escolas públicas e privadas, consomem bebidas alcóolicas e 37,2% já sofreram algum episódio de embriaguez. No que tange às mulheres, de acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas divulgado em 2014, houve um aumento importante do consumo de álcool entre as mulheres, tanto no uso regular do álcool – uma vez ou mais por semana – como no uso de quatro a cinco doses no período de duas horas.

Um problema sério discutido por vários órgãos em busca de soluções para reverter o cenário que causa dependência dos jovens e graves consequências à saúde das mulheres.

 A parcela de culpa

Em muitos casos, as explicações das pessoas que consomem o álcool de forma nociva baseiam-se na falta de informação sobre os malefícios dessa substância. Afirmação que não pode sustentar o uso precoce e em excesso, segundo a psicóloga da Unifesp e membro do Inpad (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas e Álcool e Outras Drogas), Clarice Madruga.

“Geralmente as pessoas falam que precisa haver mais prevenção e informação focada nos grupos que estão mais em risco. Mas no Brasil, a razão do uso do álcool é o fato de não haver nenhuma limitação em termos de política pública. Em um país minimamente desenvolvido, não se vende álcool com o valor de custo para organizações que vão ter como alvo o público adolescente. Então, não é a falta de conhecimento que está fazendo com o que jovem beba cada vez mais cedo e de forma abusiva, é o fato de ele estar em ambiente extremamente propício onde não existe limitação nenhuma em relação ao preço e a disponibilidade”, relata Clarice.

 Os jovens e a bebida

Uma das preocupações dos pais de adolescentes é o consumo de álcool. Por medo que o uso seja feito entre amigos e em bares, muitas famílias liberam a bebida dentro de casa. Essa atitude pode até parecer correta, entretanto também traz riscos à saúde dos jovens.

Para Clarice Madrugada, os pais precisam saber que quanto mais cedo os filhos se iniciarem no uso do álcool, maiores serão as chances de desenvolverem a dependência dessa bebida e de outras drogas.

“Os circuitos dos cérebros que tem prazer para o álcool e as drogas estão prontos precocemente, mas os que controlam e inibem a vontade de usar, ainda não estão prontos. A capacidade de controlar impulso de um adolescente só vai amadurecer por volta dos 25 anos. E quando há o uso da bebida alcoólica ou de qualquer substância psicotrópica, essa área do controle amadurece de forma diferente e fica permanentemente alterada”, esclarece a psicóloga.

 O foco nas mulheres

Retratar que o sexo feminino está se igualando ao masculino no que tange ao consumo de álcool pode até soar como um certo preconceito. Mas não se pode levar o assunto ao pé da letra. Os males que essa substância faz ao corpo das mulheres precisam ser relatados, para que o uso seja feito de forma consciente.

“É bem delicado tratar desse assunto porque a tendência mundial é das mulheres se igualarem socialmente, e sendo assim adotar os comportamentos de alguém que trabalha, sai para se divertir e acaba ingerindo bebida alcóolica. Porém, é preciso ter em mente que o corpo feminino é diferente. A mulher bebendo a mesma quantidade de um homem vai fazer muito mal. Não se pode confundir a conquista social com o ‘não respeitar o seu organismo’. A fisiologia do corpo feminino é diferente e a forma como o álcool é degradado também. Sendo assim, a mulher precisa ser madura para entender que pode beber, desde que não faça mal a ela mesma”, explana Clarice Madrugada.

Olho: “Quanto mais cedo os jovens se iniciarem no uso do álcool, maiores serão as chances de desenvolverem a dependência de outras drogas”, diz Clarice Madruga

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