Amigo secreto, reunião da empresa, despedida de ano letivo, Natal e Ano Novo são as festas aguardadas para este final de ano e algo de comum nessas comemorações preocupa muitos pais, famílias, médicos e entidades: o consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens.

A princípio, caro leitor, você pode achar que é um exagero falar que o álcool é uma preocupação, mas saiba que cerca de 40% dos adolescentes brasileiros experimentam o álcool pela primeira vez entre 12 e 13 anos e, dentro de casa.

Essa realidade só é permitida porque a ingestão de bebidas alcoólicas é uma prática comum. permitida e estimulada pela sociedade.

 

Um início inocente?

Sabe aquela brincadeira de colocar um copo de cerveja na boca de uma criança ou deixá-la experimentar aquela mistura de bebidas alcoólicas – com cores e gostos de frutas – que já faz parte do churrasco do final de semana? Pois bem, a princípio pode parecer inofensivo, mas essa ‘gracinha’ pode estar despertando o interesse pelo consumo do álcool.

“Venho de uma família onde o consumo de bebida alcoólica era muito comum. Quando eu tinha três anos, minha chupeta era molhada no vinho. Aos 12 anos, eu já bebia alguns goles de cerveja e dos 14 aos 18 anos ingeria álcool de uma maneira muito ativa – antes de ir para a escola eu tomava duas garrafas de cerveja e os meus pais julgavam as pessoas que usavam drogas”. Essa é a história de Ana Carolina, membro do A.A (Alcoólicos Anônimos) que foi internada aos 19 anos pela mãe – o pai morreu vítima do álcool aos 56 anos –, após não acreditar que seria capaz de viver em sociedade porque não enxergava o mundo sem o álcool.

 

Uma falsa ilusão

Estar com um copo de bebida alcoólica nas mãos em uma festa pode ser o sinal de status para muitos jovens. No entanto, essa busca pela fuga da realidade pode levar a um caminho tortuoso, marcado pela dor, baixa autoestima, perda de amigos, afastamento da família e abertura para o uso de outras drogas, além de marcar o fim de uma vida social realmente prazerosa.

“O álcool desperta o prazer, dar mais coragem. Dessa forma, eu comecei a beber e aos 16 anos estava no auge das minhas bebedeiras, movendo a minha juventude à álcool”, comenta Mário, que também é membro do A.A e foi vítima do álcool.

 

Problema mais amplo

Reconhecer que é dependente do álcool é um processo muito difícil para quem já está viciado na substância, principalmente para os jovens. Segundo Mario, são poucos aqueles que têm esse reconhecimento e procuram por ajuda nos Alcoólicos Anônimos.

A dificuldade do reconhecimento também é difícil para a família, quando ela precisa entender que essa doença atinge não somente o alcoolista, mas aqueles de seu convívio.

“Para o familiar é muito humilhante esse processo de aceitação de que ele também adoeceu por causa do alcoolismo do outro. O ambiente fica doentio, não tem afetividade e nem qualidade de vida. A família precisa procurar ajuda e aceitar que está também está doente – o A.A fornece este tipo de auxílio”, diz Ana Carolina.

Ela faz uma ressalva aos familiares para que não colaborem com o desenvolvimento da doença, ao permitir que o alcoolista esconda o problema que ele vive, como inventar mentiras para justificar a ausência no trabalho”, explica Ana Carolina.

 

Cada caso…

Você pode estar se perguntando: aquela cervejinha durante o final de semana com minha família e amigos pode ser o primeiro passo para o alcoolismo?

“Não é toda pessoa que ingere a bebida alcoólica que vai se tornar um alcoolista. Não é porque o pai é alcoólatra que o filho também será. Precisa ter uma predisposição física, mas geralmente a doença se desenvolve devido ao comportamento compulsivo. No meu caso, o álcool não me faz mal, o que me faz mal é o meu uso sobre ele. Eu sou compulsiva e o alcoolismo tem esse diagnóstico de compulsividade. Tem pessoas que ingerem bebidas alcoólicas e não tem problema com isso”, comenta Ana Carolina.

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