A corrida aos postos de saúde em busca da vacina contra a febre amarela, a falta de informação correta sobre o que de fato acontece no país e a divulgação de notícias falsas – inclusive nas redes sociais – fez com que os brasileiros se alarmassem de uma forma absolutamente equivocada.

Especialistas afirmam que o Brasil não vive uma epidemia da doença e que somente as pessoas que estão próximas às áreas de mata precisam ser vacinadas neste momento.

 

Não é uma epidemia

Mesmo com os casos de mortes sendo registrados no país, não há motivos para o pânico da população, segundo o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Gustavo Henrique Johanson.

“Existe uma ocorrência anual de casos nesta época do ano quando há a elevação da temperatura e das chuvas, aumentando a presença do mosquito, vetor da febre amarela. Ocorre que no final de 2016 e 2017 houve um aumento dos casos da doença silvestre (que envolve o macaco e o mosquito) – quanto aos casos urbanos, não há registro no país desde 1942. Sempre houve ocorrências de caso silvestre, de pessoas que adentram as áreas rurais e de mata. A preocupação atual não é o número de casos da doença, e sim a proximidade nos centros urbanos”, explica Gustavo.

Questionado se há uma epidemia no Brasil, a resposta do infectologista é enfática. “Não estamos sofrendo com uma epidemia da febre amarela no país. Sempre houve casos da doença e sempre houve óbitos de humanos”, acrescenta.

 

Alarde desnecessário

As filas gigantescas nos postos de saúde à procura da vacina é resultado do alarde desnecessário feito pela população e alguns meios de comunicação, de forma equivocada.

“Está sendo feito um alarde muito maior do que deveria. Tivemos poucos casos urbanos em São Paulo e, por isso, a Vigilância tomou medidas para fazer a vacinação de bloqueio”, fala Gustavo Henrique.

O infectologista alerta que somente as pessoas que estão em áreas específicas – onde houveram mortes de pessoas infectadas e macacos – precisam ser vacinadas. “Quem não mora perto dessas regiões e tem uma vida totalmente urbana não precisa se preocupar porque não há casos urbanos. As pessoas precisam vacinar se estiverem se deslocando e residindo nas áreas aonde há casos da doença em macacos e humanos”, alerta.

 

Vacinação na capital

Em São Paulo, a vacinação fracionada foi antecipada para o dia 29 de janeiro e se estende até 17 de fevereiro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde essa ‘campanha’ ocorrerá em 15 distritos das zonas Leste (Cidade Líder, Cidade Tiradentes, Guaianases, Iguatemi, José Bonifácio, Parque do Carmo, São Mateus e São Rafael) e Sul (Capão Redondo, Cidade Dutra, Grajaú, Jardim São Luís, Pedreira, Socorro e Vila Andrade) e segue a recomendação do Ministério da Saúde – a meta é vacinar 2,6 milhões de moradores desta região.

“Estas áreas foram determinadas levando em consideração os corredores ecológicos e o risco de exposição à doença. É importante esclarecer que não houve casos registrados nestas regiões e que, portanto, se trata de uma medida cautelar”, explica o secretário Municipal da Saúde, Wilson Pollara.

Mesmo sem ter nenhum caso humano de febre amarela silvestre ou urbana confirmado adquirido no município de São Paulo, a Secretaria informa que a campanha de vacinação acontece em 38 unidades da Zona Sul e três da Zona Oeste – essas áreas foram determinadas levando em consideração o caso no município de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

Leia também