Diariamente são compartilhadas nas redes sociais notícias com teor exagerado, falso e sensacionalista. São as chamadas ‘fake news’, um termo designado para as informações com conteúdos inverídicos sobre determinadas pessoas, produtos, instituições e lugares.

Essas informações são, em muitos casos, produzidas de forma automatizada e lançadas nas redes sociais sem nenhum tipo de restrição. Sendo assim, o compartilhamento é automático, tendo em vista que as mensagens são atrativas, muitas contendo fotos e vídeos.

Para especialistas em mídia digital, esse compartilhamento frenético de inverdades ocorre porque os usuários das redes sociais não checam as informações em sites confiáveis e não fazem uma autocrítica sobre os conteúdos.

 

Um assunto sério

As fake news já existem há muitos anos, mas foi em 2016 que tiveram mais destaque quando a Rússia foi acusada de propagar notícias falsas para influenciar a disputa presidencial nos Estados Unidos, favorecendo Donald Trump.

Segundo um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets, as notícias falsas se espalham na internet seis vezes mais rápido que as verdadeiras. Ocorre que essa disseminação exacerbada de informações inverídicas pode trazer sérias implicações sociais, econômicas e políticas.

“Algumas dessas notícias falsas, quando são direcionadas especificamente contra uma pessoa pode trazer sérios danos e, em muitos casos, irreversíveis – como não conseguir desvencilhar do boato e, nos casos mais extremos, ocasionar a morte. Nos últimos dois anos, houve alguns casos de pessoas que foram agredidas e linchadas em São Paulo por conta dessas fake news”, diz o advogado especialista em Direito Digital, Igor Reichow.

 

Produção e desinformação

As fake news podem ser produzidas por diversos motivos. Porém, sempre com o intuito de aproveitar da ausência de uma educação digital dos usuários das redes sociais.

“Algumas informações falsas são produzidas por empresas concorrentes, para que haja uma publicidade negativa em cima de um produto específico. Outras são criadas para denegrir a imagem de uma pessoa, e existem aquelas feitas pelos trols, que são cidadãos com o hobby de disseminar a notícia falsa e ver o engajamento em cima disso, por puro prazer”, especifica o advogado.

Para Igor Reichow, a disseminação dessas notícias ocorre porque os usuários não se preocupam em checar a veracidade dos fatos.

“Estudos mostram que a pessoa que compartilha a fake news gosta de ser considerada bem informada, porque sabe de notícias que não foram publicadas pelas principais mídias. São usuários inocentes, que acreditam que todas as informações recebidas são verdadeiras, até mesmo pelo fato de ter sido encaminhada por uma pessoa de confiança. Esse tipo de comportamento revela a principal característica que é a falta dessa educação digital. Se houvesse um pouco mais de prevenção e cuidado, com certeza as fake news não seriam um problema tão sério como é atualmente”, fala o especialista em Direito Digital.

 

A questão eleitoral

A campanha política deste ano começou, oficialmente, na última quinta-feira, 16. Porém, as fake news sobre determinados políticos já circulam nas redes sociais há tempos e podem aumentar, significativamente, tendo em vista que muitos candidatos terão que usar a internet para se comunicar com os eleitores diante do tempo restrito no rádio e na televisão.

Para o cientista político, Leandro Consentino, essa interferência das fake news nas redes sociais para alguns candidatos é notória e terá, claramente, muita influência sobre a eleição.

“Será um subterfúgio para os candidatos com pouco tempo de campanha na televisão. O cidadão precisa desconfiar das mensagens que possuem um certo tom eleitoreiro e verificar se as fontes são confiáveis. É importante se manter atento e parece que há um esforço da Justiça Eleitoral evitar as informações falsas”, diz.

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