“Quando cada um de nós deixar de olhar a pessoa com deficiência como uma coitada, e passa a olhar como um amigo ou companheiro, haverá uma mudança significativa na sociedade”. Essa frase da superintendente do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência), Teresa Amaral, conceitua a celebração que ocorrerá em 3 de dezembro, quando o mundo comemora o “Dia Internacional da Pessoa com Deficiência”.

A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 1992 e tem como objetivo conscientizar o mundo sobre a importância de assegurar uma melhor qualidade de vida às pessoas com deficiência, assim como os direitos igualitários de qualquer cidadão. A partir de então muitas conquistas são comemoradas, mas ainda há muito a avançar.

 

Vamos celebrar

De acordo com o assessor para acessibilidade da São Paulo Transporte, Tuca Munhoz, o dia 3 de dezembro tem um forte sentido de dar mais visibilidade às questões das pessoas com deficiências e precisa ser celebrado.

“A data é uma maneira importante da afirmação e autoestima das pessoas com deficiência, não somente quanto pessoas e indivíduos, mas também quanto ao segmento social significativo da população brasileira”, comenta.

Para Teresa Amaral, é nesse dia que as pessoas com deficiência têm a apresentação dos seus problemas, das suas conquistas e de tudo o que aconteceu nos últimos anos.

“A partir da década de 80 começou a se perceber que a pessoa com deficiência tinha que ter um espaço próprio. Passou-se a conceituar cada vez mais a questão da deficiência como uma questão de inclusão social”, diz.

 

A visão da sociedade

A progressão social fez com que os termos para definir as pessoas com deficiência fossem ajustados, porém, ainda é visível o preconceito – mesmo que seja de forma sutil.

“Ainda hoje há o preconceito e a discriminação, mas nada que se compara com os outros segmentos como as questões de orientação sexual, de gênero e raça. E esse olhar preconceituoso junto às pessoas com deficiência, notadamente, se dá através da manifestação do assistencialismo e paternalismo”, diz o assessor para acessibilidade da São Paulo Transporte.

Segundo Munhoz, essa ‘ajuda’ da sociedade coloca as pessoas com deficiência na situação de eternos dependentes. “Muitos não reconhecem as pessoas com deficiência como sujeitos de direito, mas como àqueles que eternamente vão precisar de ajuda. É uma manifestação que coloca esses cidadão sempre em uma situação de inferioridade”, explica.

 

Avanços e desafios

As pessoas com deficiência podem comemorar muitas conquistas, como a inclusão nas escolas de ensino regular, mas ainda muitos direitos são negados a elas como se fosse uma atitude natural – por exemplo, os estabelecimentos comerciais que não possibilitam o livre acesso dos cadeirantes.

“Ainda há muito afronte aos direitos das pessoas com deficiência como cidadãos, e isso se reflete em vários aspectos como acesso à saúde, transporte e trabalho. Existe uma certa dificuldade dos governos municipais – aonde as coisas têm que acontecer na prática – de implementarem e tornarem realidade a Legislação”, fala Munhoz.

Teresa Amaral também compartilha a lentidão para que as mudanças possam acontecer de fato.

“As leis brasileiras destinadas às pessoas com deficiência são as melhores da América, mas ainda falta muito para haver a efetivação. Elas não têm os seus direitos garantidos como a lei determina. A cada momento da vida, é preciso vencer um desafio. O Estado tem um papel importante nas conquistas, mas no Brasil ainda não teve a relevância que deveria ter”, fala a superintendente do IBDD.

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