Folhapress

Cada vez mais, crises de ciúme com relação ao celular do parceiro ou da parceira têm virado um problema. É o que aponta Antonio Belamoglie, psicanalista do Núcleo de Terapia Viva Bem.

“As redes sociais são os meios de comunicação do momento, em sintonia com a agilidade dos acontecimentos e das mudanças que ocorrem no mundo. Então, desgastes nas relações devido aos celulares têm sido um conflito frequente, aumentaram muito. Mas têm muito mais a ver com o perfil de relacionamento do que como aparelho em si”, diz.

Bisbilhotando a vida alheia

A cantora Paula Fernandes, 34 anos, revelou em uma entrevista que descobriu estar sendo traída depois que mexeu no celular do então namorado. Para o especialista, se o cenário é este, o ideal seria uma conversa.

“Quando há desconfiança, o primeiro passo é conversar e, junto, o casal estabelecer que tipo de relação quer ter. Paralelamente, é necessário se desfazer do padrão atual e mudar para um novo tipo de comportamento e de convivência”, opina o psicanalista.

Segundo especialistas, porém, há dicas para manter uma relação saudável. E uma das primeiras é estabelecer limites logo de cara: todo o mundo tem direito a manter sua privacidade, e isso não quer dizer que há algo a esconder.

“Invasão de privacidade é algo sério e tem acontecido bastante. É preciso tomar cuidado. Há fatores envolvidos nesse contexto, como a imaturidade e a insegurança. Se o casal tiver uma relação estável, não faz sentido ter restrições quanto a uma boa conversa para deixar claro o que incomoda”, aconselha Leila Tardivo, psicóloga e professora do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).

Quando há desrespeito

Esse tipo de abuso e invasão aconteceu com a hoteleira RachellBigi, 33 anos. Ela passou maus bocados com um ex-namorado. Durante uma briga em uma viagem, ele acessou o celular dela e usou o computador para monitorar as mensagens dela no aplicativo de conversas WhatsApp. “Ele era ciumento, às vezes, mas isso foi uma invasão, eu não fazia nada de errado”, diz ela.

Por conta do episódio, o relacionamento chegou ao fim. “Ele disse que a gente deveria ter o celular aberto, sem senha, mas fiquei muito brava. Nunca tinha passado por isso em outros relacionamentos”, afirma.

Para Nelson Destro Fragoso, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, casos como este são caracterizados pelo desrespeito.

“Uma coisa é não confiar no outro. Outra coisa é a pessoa ser obrigada a partilhar suas informações. Não tem de existir essa obrigação”, analisa Destro.

Prevalecendo a confiança

Já o relacionamento entre a blogueira Ivana Pedretti, 31 anos, e o representante técnico e comercial Pedro Pedretti, 45 anos, continua firme, mesmo tendo sido iniciado com bastante ciúme por parte dele.

O namoro começou pela internet, em 2009. Eles usavam o extinto Orkut para se comunicar, além de trocarem emails. Porém, mesmo dependendo das redes sociais para conversar, Pedretti demonstrava ciúme.

“Ele me pedia para apagar a conta, pois não gostava das mensagens que eu recebia”, explica Ivana. Em 2012, eles se casaram. Ivana, na época, trabalhava em um banco, mas queria seguir carreira como blogueira. Para Pedretti, que é italiano, era complicado compreender a escolha da esposa.

“Na Itália, as redes sociais não são um trabalho. Era difícil entender isso”, comenta. Depois do casamento, Pedretti conta que passou a ter mais confiança em Ivana. Ele avalia que a relação evoluiu.

Para demonstrar confiança, o casal resolveu compartilhar senhas das redes sociais e dos celulares. “É questão de praticidade, pois ela esquecia as senhas toda hora”, aponta o italiano.

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