Aos 83 anos, a aposentada Linete de Lima Machado cuida da casa sozinha. Há dois meses, virou também cuidadora do marido, de 85 anos, que levou um tombo. “Sinto-me cansada, mas ainda bem. Meu maior medo é ficar dependente, numa cama”.

Linete não está sozinha. A maioria dos brasileiros não teme a morte ou a velhice, mas tem pavor de se tornar dependente física, mental ou financeiramente.

O temor faz sentido. Um estudo da USP, que corrobora pesquisas internacionais, demonstrou que os paulistanos estão vivendo mais, porém em piores condições.

Em dez anos, a taxa de incapacidade por doenças em São Paulo cresceu 78,5% entre os homens e 39,2% entre as mulheres acima de 60 anos. Entre 2000 e 2010, essa população ganhou, em média, dois anos a mais de expectativa de vida, mas perdeu até três de vida saudável.

Uma outra pesquisa da Escola de Saúde Pública de Harvard, que comparou as condições de saúde em 187 países no mesmo período, observou tendência semelhante. A expectativa de vida cresceu, em média, cinco anos, mas pelo menos um ano foi de vida com incapacidade.

Doenças mentais, articulares e as quedas são outros fatores importantes de incapacidade. Juntas, elas respondem por quase 70% da carga de enfermidades dos idosos. Depois, vêm as básicas, como tomar banho ou comer sozinho.

O problema é que o país não tem políticas voltadas para a prevenção dessas incapacidades, nem no setor público nem no privado.

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