Ricardo Moreno

 

Dentre as doenças médicas, a depressão é uma das mais importantes causas de morbidade e mortalidade. Ela ocorre em ambos os gêneros, em todas as idades e níveis sociais.

Apesar da variedade existente de antidepressivos, de 20% a 30% dos pacientes tratados não atinge a recuperação completa e outros até mesmo desenvolvem depressão resistente. O motivo disso é a característica heterogênea da síndrome depressiva, com sintomas e sinais complexos que comprometem todo o organismo.

Outro ponto é que antidepressivos apresentam uma janela de tempo de duas a quatro semanas entre o início do tratamento e o efeito terapêutico.

Em uma fração considerável dos casos de depressão tratados com antidepressivos, porém, há melhora logo nas primeiras semanas. Em contrapartida, caso não haja resposta parcial em até quatro semanas, são poucas as chances de resposta ou remissão.

A depressão tornou-se um problema médico tratável farmacologicamente, tal qual o diabetes e a hipertensão.

Desinformação, preconceito e estigma em relação a problemas psiquiátricos são uma realidade no mundo todo. A forma de combater isto é através da educação da sociedade com informações precisas e objetivas baseadas em evidências científicas.

Talvez a pesquisa de novas drogas possa dar um grande salto quando soubermos mais sobre a fisiopatologia da depressão (onde, no organismo, está a raiz da doença).

 

Ricardo Moreno é doutor em psiquiatria e coordenador do Programa de Transtornos Afetivos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP

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