Ronaldo Lemos

 

Uma pesquisa que mediu a utilização de aplicativos governamentais no Brasil, bem como a percepção da importância da tecnologia para os serviços públicos revelou que apenas 12,5% dos brasileiros já baixaram algum aplicativo governamental no celular e 58% gostariam que mais tecnologia fosse empregada por parte do governo.

O tema é importante porque a pesquisa mostra que há demanda, mas não há oferta de serviços governamentais digitais. Faz sentido. Se bem empregada, a tecnologia pode fazer muito para melhorar os serviços públicos.

Para isso ser verdadeiro, é preciso uma mudança de rota. É necessário implementar dois movimentos simultâneos que hoje não acontecem no país. O primeiro é parar imediatamente com a multiplicação dos aplicativos governamentais. Cada um é um silo que não se comunica com outros. Essa é uma falha de arquitetura, cara e ineficiente.

O outro movimento que precisa ser feito é o de proteção dos dados pessoais do cidadão. Se a centralização das plataformas é desejável, a descentralização da guarda dos dados também é.

É possível trabalhar com um modelo de identidades digitais que permite ao próprio cidadão custodiar seus dados, sem a necessidade de um big brother governamental. Dados centralizados são a receita para ataques, vazamentos e manipulação política. Ainda mais em um país como o Brasil, que nem sequer tem uma lei de proteção de dados pessoais.

 

Ronaldo Lemos é advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio.

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