Marcus Nakagawa

Em 2019, o Dia Internacional da Mãe Terra faz, oficialmente, 10 anos. Quando se fala na Mãe Terra, lembra-se sempre da natureza, das belas paisagens, dos vídeos maravilhosos que os canais de documentários mostram, dos animais em seu habitat natural, dos oceanos e suas lindas formações e cores. Mas é importante destacar alguns pontos.

O primeiro deles é que o mundo está consumindo recursos mais rápido do que o planeta os regenera. Sim, as gerações estão retirando muito mais recursos do planeta do que talvez precise. Segundo o Global Footprint Network (GFN), uma organização que estuda esta questão, mostrou que em 2018, a partir do dia 1º de agosto, o mundo entrou no “cheque especial”. Ou seja, a partir desta data se está pagando os “juros” do planeta, a conta zerou e o que está sendo gasto dos recursos naturais, a Terra não consegue mais repor.

Se pensar por este prisma, então, cerca de um terço de recursos do planeta já se foi. Então, não se pode mais falar de sustentabilidade, já que o modelo que o mundo “sustenta” não adiantará, pois cada vez mais a perda está aumentando. Para isso já existe um conceito e um movimento de ativistas falando de regeneração.

A ideia deste movimento é buscar alternativas que, ao mesmo tempo, impacte menos e ajude a regenerar o planeta. São soluções inovadoras que, de uma forma inteligente, tenha um impacto positivo que some ao que já foi perdido.

Outro ponto, com todo este movimento de uso da Mãe Terra no cheque especial, é que existem muitas pessoas passando fome e vivendo abaixo da linha da pobreza. Não adianta explorar os recursos naturais de forma exagerada, nem os recursos humanos para alguns somente.

Não se trata de uma ideologia, um partido ou uma forma de pensar. Fala-se da Mãe Terra e de todos os seus filhos que aqui habitam! Somos habitantes e parte dela. Se o “cheque especial” cada vez piorar, os que mais sofrerão serão os que se dizem mais evoluídos.

Marcus Nakagawa é coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental

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